Erguido em negro mármore luzidio.
Portas fechadas, num mistério enorme,
Numa terra de reis, mudo e sombrio,
Sono de lendas um palácio dorme.
Sombria, imóvel em seu leito, um rio a cinge,
Também, à luz da lua nova prateada,
Vê-se em bronze uma antiga e acanhada esfinge
E lamentam-se sol e estrela encantada.
Dentro, surpresa e mudez! Quedas figuras.
De reis e de rainhas: penduradas.
Pelo muro antigo, armaduras.
Dardos, elmos, punhais, piques, espadas.
E ainda ataviadas de renovo e vestida.
De tiros de matiz de ardentes cores,
uma bela princesa está sem vida.
Sobre um acervo fantástico de flores.
Trás o colo estrelado de diamantes.
Colo mais claro do que a espuma jônia.
E rolam-lhe os cabelos abundantes
sob a pele nevada de issedônia.
Entre o frio esplendor dos artefatos.
Em seu régio vestíbulos de assombros.
Há uma guarda de anões estupefatos.
Com trombetas de ébano nos ombros.
E o silêncio por tudo! Nem de um passo.
Dão sinal os extensos corredores.
Só a lua, alta noite, um, raio baço.
Poe a morta num leito de núpcias e flores.
O FILÓSOFO
13/03/1999
SALVADOR/BA